sexta-feira, 20 de maio de 2011

PROFESSOR KLAUS KELLER II

Vou continuar falando e contando um pouco mais desta figura tão conhecida e falada em Belém.

 Klaus era radical, não conhecia meio termo e sempre queria fazer o melhor que podia. Saiu quase nú em cima de um carro alegórico, só com tapa sexo e estava lindíssimo, depois descobri o segredo no corpo maquiagem e nas pernas meias Pirelli.
Outro dia em visita a casa dele ele me mostrou um macacão Lee, que havia comprado e achou sem graça. Foi logo dizendo venha amanhã pois vou ajeitar para ir desfilar no comércio, no sábado pela manhã. Voltei no outro dia e eis a surpresa, ele aplicou onde havia costura, fios com strass. Não teve dúvida, sábado pela manhã com aquele sol, ele desfilava com o reluzente macacão e para completar uma peruca black power bem negra e grande. Foi destaque. Só que nesta voltinha ele comprou uma camisa branca em helanca canelada, manga comprida e gola roule. Ainda vinha mais improvisação em cima da pobre camisa. Na linha que ia do pescoço até a ponta das mangas ele aplicou egretes de plumas vermelhas, já para o próximo sábado.
Klaus tinhas objetos que adora. Uma lagosta imensa em terracota portuguesa e sua toalha de mesa era lindíssima e totalmente tecida em mil cores. Mas certamente, o que mais gostava ficava nos cofres e lá estavam suas plumas coloridas e uma mais imagens mais lindas que já vi até hoje, uma Nossa Senhora da Conceição de uns vinte centímetos de altura, esculpida em uma peça de marfim, de uma delicadeza e de uma perfeição inacreditável. Esta peça nunca mais ouvi falar.
Tenho um cachimbo esculpido em madeira que é uma cabeça de índio, que o Klaus me enganou dizendo ser americano legítimo. Mentira, tinha igual para vender em loja de artesanato na Presidente Vargas. Trocamos dei a ele dois manequins antigos de alfaiataria e ele deu-me o cachimbo e um pé de orquídea.
Estes mesmos manequins foram adornados por Klaus, um virou uma baiana legítima e o outro um toureiro. Ambos apareceram a seu lado na foto de sua morte nos jornais paraenses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário